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Declaração de Jovens Líderes da Amazônia Legal

Ouçam as vozes das juventudes das Amazônias!

Esse é o alerta inicial que nos toca e move enquanto jovens lideranças amazônidas. Somos protagonistas nas falas e ações sobre nossos territórios, pois as nossas existências são atravessadas pelas diversas injustiças e ecoansiedades presentes na região. Demandamos que as múltiplas realidades das Amazônias devam ser faladas pelos e pelas amazônidas, pensando de forma coletiva e em rede. As nossas vozes necessitam estar presentes efetivamente nas mudanças políticas e ambientais da nossa região e assim, efetivar os direitos fundamentais que precisam ser considerados como centrais no avanço e no combate da crise climática, especialmente nos contextos migratórios. Assim, partimos de territórios marcados por uma ancestralidade negra, indígena, de culturas herdadas e tradições da nossa gente. Valorizamos a escuta e a participação dos povos da floresta, na luta pela conservação das nossas águas e das nossas terras. Nossas águas estão ameaçadas, nossas terras estão em chamas e nosso ar está poluído. Somos impactados diretamente por modelos de negócios que não consideram os conhecimentos científicos e tradicionais, ameaçando o equilíbrio ecossistêmico do planeta.

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       Não admitimos mais vivenciar na pele os efeitos de um colapso ambiental que não é causado por nós, juventudes e crianças do sul global e não ficaremos parados. Sobretudo em casos em que os ônus ambientais são justificados por uma ideia de desenvolvimento desconectado com os anseios de quem vive no território. Em um espaço onde as águas não se fundem, mas confluem, sendo essa a intersecção de diversas Amazônias que nos reúne, convocados pela metáfora viva das águas a qual nos molda e nos atravessa. Nessa confluência de rios e territórios nos encontramos juntos porque essa luta é nossa, é do povo e não compactuamos com qualquer tipo de opressão e violência que destruam qualquer possibilidade de futuro.
     

     

No Brasil, os espaços de liderança manifestam uma opressão histórica: o centro-sul é o ponto focal de tomada de decisão, enquanto nós, os guardiões da maior floresta tropical do mundo, seguimos reféns de uma lógica de desenvolvimento ignorante. Precisamos transicionar para matrizes, tecnologias e modos de vida justos, respeitando a autonomia e soberania dos territórios. Mecanismos de descarbonizaçao como a bioeconomia, o REDD+ e o Pagamento de Serviços Ambientais tem se mostrado caminhos para a transição justa, mas ainda não alcançam de forma efetiva as juventudes amazônidas, que precisam de condições básicas e políticas que garantam seus direitos constitucionais e sua permanência nos territórios. A juventude permanece onde há o fortalecimento de seus direitos, capacitação, fomento, renda justa e isso deve ir além da bioeconomia, configurando-se como uma sociobioeconomia, contrariando o êxodo rural e favorecendo os recursos e povos das Amazônias. Com isto, reconhecemos que as juventudes são a chave para oxigenar práticas culturais existentes, sem que precisem abandonar seus territórios, confluindo a partir deles.

       A ausência das juventudes em espaços de tomada de decisão e, principalmente, de construção de políticas públicas, têm colaborado para a intensificação de desigualdades sociais já existentes. Isso resulta em efeitos diretos na dinâmica das realidades amazônicas, favorecendo a corrupção, a ineficiência, a má gestão de recursos públicos e a falta de representatividade. Além disso, esse cenário é intensificado pela burocratização dos mecanismos, impossibilitando a construção de políticas de mitigação e adaptação climática eficazes que correspondam às realidades da população amazônida. Assim, essas lacunas operam como estratégias sustentadas pela falta de capacitação técnica, ausência de financiamento adequado, carência de gestão eficiente e transparente dos recursos, resultando na baixa participação da sociedade em consultas públicas e a frágil integração multinível entre os governos. Considerando a emergência climática e como as juventudes dos campos, cidades e comunidades amazônicas têm vivenciado cada vez mais eventos extremos, é essencial que pensemos em estratégias eficazes para adaptar os territórios, assim como reduzir riscos, perdas, danos e vulnerabilidades.

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      Acreditamos na cultura enquanto expressão viva dos modos de ser e existir, bem como ferramenta da efetivação de políticas públicas ambientais e climáticas, da mesma forma que a educação é um caminho primordial da transmissão desses saberes e modos de vida ancestrais. A fé, as tradições, os sistemas alimentares, a saúde, as formas de se vestir e se relacionar com a Terra e entre nós, são expressões genuínas de cultura e educação, sendo estes reflexos do que plantamos, colhemos e partilhamos como povos e comunidades da Amazônia Legal. A crise climática, para além dos prejuízos estruturais, também leva ao apagamento da cultura e da educação nos territórios. Nesse contexto, é essencial reconhecer que corpos dissidentes de raça, gênero, classe, sexualidade, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida devem ocupar os espaços de decisão sem serem alvos de opressão. Vivemos um momento crítico da nossa existência, marcado por uma crise ambiental que acentua desigualdades históricas e coloniais, exigindo respostas coletivas e mobilizações globais, já que a natureza opera em rede e não admite fronteiras. A educação e a cultura devem ser instrumentos de transformação e emancipação, motivo pelo qual os currículos pedagógicos precisam ser contextualizados com os territórios. É garantindo a autonomia para as decisões dos territórios que obteremos financiamentos e meios de implementação que realmente pensem na redução das desigualdades. Promovendo as capacidades críticas e solidárias necessárias em nossas juventudes para a construção de um futuro ancestral, onde o bem viver seja uma prática cotidiana e compartilhada.

Assim, declaramos que, enquanto Jovens Líderes de todos os estados que compõem a Amazônia Legal brasileira, nossas vozes ecoam do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Exigimos o fortalecimento dos direitos das populações que garantem a (re)existência da Terra, efetivados por meio de uma transição justa. Lutamos para que as juventudes amazônidas dos campos, cidades, rios, maretórios, manguezais, florestas e ilhas sejam protagonistas nos processos de tomadas de decisão e elaboração de estratégias de mitigação e adaptação climática. Acreditando que, ao potencializarmos nossos saberes, práticas, culturas e a construção de uma educação conectadas aos seus territórios, construiremos o Brasil próspero que queremos. Reafirmamos: não há justiça climática sem justiça social. Não há justiça social sem participação efetiva dos povos e comunidades da Amazônia. Existimos. Resistiremos.

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Somos as juventudes amazônidas e essa é a nossa voz!

Assinam a Declaração

Luciano Frontelle - Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE)
Matheus Silva - Conselheiro da Presidência da República
Guilherme Barbosa Naves - Secretaria Nacional de Juventude
Yann Evanovick - Coordenador Geral de Políticas Educacionais para a Juventude do Ministério da Educação
Dorinaldo Malafaia - Deputado Federal do Amapá
Edna Sampaio - Deputada Estadual do Mato Grosso
Firmino Araújo de Matos - Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Pará
Marcos Paulo - Vereador de Oeiras do Pará
Miguel Filho - Secretário de Juventudes de Benevides/PA
​Paulo Bracarense - Diretor da Aliança Progressista Global, Secretário Geral da Coordenação Socialista Latino-Americana

Ian Bartholo - Cientista Político e Secretário de Relações Institucionais da JSB/DF
Gabriela Borja - Coletivo Sapato Preto
Mimon Peres - Advogado e Pesquisador da Amazônia
Anderson Rodrigues - Advogado e Pesquisador em Políticas Públicas na Amazônia

Jovens Líderes da Amazônia Legal que construíram essa Declaração

ACRE
Gabriel Henrique 
Marcos Melo 

AMAPÁ
Hapuque Lima
Paixão Irlan 
Victoria Quadros 

AMAZONAS
Jarê Pinagé
Raquel Cardoso
Ruan Bentes 

MARANHÃO 
Ana Luiza Luz
Kelly Araújo
Tel Guajajara

MATO GROSSO
Maura Palocio
Pedro Dias
Vinicius Costa

 

PARÁ
Fred Luiz 
Renzo Mascote 
Samara Borari
Wendelo Costa

RONDÔNIA
Bianca Galvão
Wilians Santana
Oyniin Suruí

RORAIMA
Reginaldo Cruz
Uédem Lima 
Yano Rodrigues 

TOCANTINS
Dyha 
Lara Thifanny
Vitor Rodrigues

Instituto COJOVEM - Idealizadores da Cúpula de Jovens Líderes da Amazônia Legal 


 

Baixe a Declaração dos Jovens Líderes da Amazônia Legal na íntegra

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A Maré tá pras Juventudes

O programa promove o desenvolvimento de uma Agenda de Políticas Públicas, Projetos e Programas para enfrentar os desafios climáticos enfrentados pelas juventudes. 

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